Lou Reed e Metallica: é tão difícil assim de entender?
Lulu - como começar a falar sobre ele!?!
Acho muito estranho o
tipo de crítica que o álbum tem recebido, não parecem ser críticas
musicais, são críticas de gênero. Entendam, não gostar de algo é normal,
mas, dizer que é ruim, é outra coisa. Levantar número de vendas do CD,
discutir se LOU REED é um velho viado ou não, se o CD serve como adubo,
se música é poesia (bom, essa é fácil, basta ouvir BOB DYLAN, RENATO RUSSO, CHICO BUARQUE; exemplos para qualquer um entender); todas essas coisas fogem do real assunto: se Lulu é um bom álbum de Rock.
Primeiramente, dizer que não é um álbum do METALLICA é um fato tão óbvio que não sei se poderia ser usado como argumento; não é um álbum do METALLICA, pronto. "Ah, mas foi o METALLICA que gravou..."; claro que foi, mas, não SOMENTE o METALLICA, e não sobre uma ideia do METALLICA.
É um álbum estranho, conceitual ao extremo, escrito pelo LOU REED. É o
bastante para entendermos que não vamos ouvir Creeping Death nesse
álbum. Ok? QUEEN+PAUL RODGERS não é o QUEEN; as pessoas entendem isso e
pronto. Porque não aqui?
Em uma entrevista que vimos aqui mesmo, LOU REED e METALLICA
falam sobre o álbum, as ideias e outras coisas mais. Além de o
entrevistador ser humilhado por não estar bem informado (o tempo de
gravação do álbum, sobre James ter cantado em álbuns do DANZIG, logo,
não foi a primeira vez que ele gravou os backing vocals), podemos
perceber o que o METALLICA sempre foi: autêntico. Aqui mora o problema, a autenticidade.
Se
você tiver cabelo comprido, uma bermuda coladinha com motivos da
bandeira Americana, gritar bem alto, manter pose de viado, tratar mal
todo mundo, etc; você estará se tornando um autêntico AXL ROSE, certo?
Não. Você está se tornando um cover do AXL ROSE. Isso não é ser
autêntico. Isso é ser outra pessoa. Uma pessoa bem idiota, diga-se de
passagem (para por pimenta, ok?).
Ser autêntico é ser você, não imitar alguém ou seguir cegamente determinado estilo. O nome dessa outra coisa é moda e, segundo RENATO RUSSO, música é algo muito subjetivo, não pode ser moda.
O que quero dizer com isso? Por que o METALLICA
é autêntico? Essa é fácil: “Eles fazem exatamente o que eles julgam ser
bom para eles”. Isso não é desrespeitar o fã; isso é seguir a linha de
pensamento de toda banda de garagem: tocar o que eles gostam e, se você
não gosta, ouça outra banda. Isso é o que James diz ao ser questionado
sobre a mudança de direcionamento da banda nos últimos anos. Claro que,
antes disso, LOU REED fala de como rótulos, restrições e nomes e
sobrenomes, para estilos musicais, são medíocres e míopes, em comparação
à Música em si. Não sei se, em razão de não ter legendas ou ter mais de
uma hora, o vídeo foi ignorado, mas, está tudo lá; TUDO mesmo! Assista
apenas a entrevista. Começa com 21 minutos de vídeo; dura 17.
LOU REED fala sobre as letras, diz que queria fugir da idéia padrão de estofre-refrão, estofre-refrão. Os versos não seguem ritmo, o tom, é qualquer um; logo, não há como esperar algo convencional, muito menos comparar com algo completamente diferente. Lars complementa a idéia dizendo que foi um trabalho mais físico do que cerebral, um desafio, um deixar-rolar, trabalhar o momento. Não sei se isso lembra algo, mas, para mim, isso lembra o que é o Rock’n Roll.
Lulu é um trabalho diferente, difícil de entender. Lembro-me quando conheci a obra de FRANK ZAPPA, dizer que não gostei seria errado, pois eu nem mesmo tinha entendido o que ele criou. Acho que é o caso de muitos: dizer que algo é ruim porque não gostou; ou pior, dizer que algo é ruim, mas não o entendeu.
Respeito quem não gostou do álbum, respeito mesmo. Apenas não entendo como tanta gente critica a atitude da banda e se esquece de criticar a música. Claro, muita gente diz, “não gostei do álbum e é isso”. Ótimo! Mas, a grande massa que discute o assunto, não discute "O" assunto.
Após LOU REED dar a bronca no entrevistador sobre os rótulos, a pergunta é refeita e James responde, com naturalidade: “Não... não é algo novo, somos NÓS. Estávamos sendo o METALLICA. E se você quer seguir o livre espírito do METALLICA, então, venha. Se você não concorda com isso, nós entendemos. Fique com o álbum que você mais gosta, eu acho... sei lá. (...) Nós não gostamos de ficar aprisionados.”
Em outras palavras, eu sou fã do METALLICA, não do “Master of Puppets”, do “Kill’em All”, ou outro álbum qualquer. Sou fã dos caras, do músico. E eu o sou, principalmente, porque eles são os caras mais autênticos da música. O METALLICA não é vendido, é autêntico e, por causa desse livre espírito do METALLICA, alguns álbuns são melhores do que os outros. Mas ainda é o METALLICA. O mesmo METALLICA que fazia o que desse na telha há 30 anos, continua fazendo isso agora. Eles não são covers deles mesmos; exemplo que temos de outras bandas que foram engolidas pelo rótulo, qualquer que seja ele.
Como disse no começo, esse é o real assunto: Lulu é um bom álbum? Bom, cada um tem sua opinião...
Como não tenho Twitter ou Facebook, escrevi aqui... feel free to flame me, there won’t be replies!!!
Fausto Faria
0 Response to "Lou Reed e Metallica: é tão difícil assim de entender?"
Postar um comentário